sábado, 31 de julho de 2010

Intoxicação por piretróides em gatos

A maior parte dos casos de intoxicação por piretroides ou piretrinas (insecticidas usados no controlo de pulgas e carraças) é causada por ingestão acidental destes produtos ou pela sua aplicação indevida. Os piretróides mais utilizados em medicina veterinária são a bioaletrina, a cipermetrina, a deltametrina, a flumetrina, a fenotrina e a permetrina.

Os cães são capazes de inactivar este químico no fígado e por isso os desparasitantes que o contêm podem ser usados com segurança. Nos cães as piretrinas só são tóxicas quando são ingeridos em conjunto com outros compostos insecticidas que potenciam a sua acção como os carbamatos.

Os gatos são bastante mais sensíveis a estes químicos, principalmente os gatos jovens e podem ficar intoxicados pela ingestão, inalação ou contacto com a pele. As pipetas e coleiras antiparasitárias para cães que contêm piretrinas (Advantix, Pulvex, Scalibor por ex.) são muito tóxicas para os gatos e quando absorvidas pela pele causam sintomas semelhantes aos da ingestão e também podem causar a morte do animal.

A intoxicação por produtos com piretrinas causa sintomas neurológicos e musculares agudos em gatos:

- Salivação excessiva

- Tremores

- Convulsões

- Dificuldade e até paragem respiratória

- Diarreia e vómitos

- Depressão ou aumento da excitabilidade

- Febre ou temperatura baixa

- Inflamação, descamação, quando o contacto é pela pele

- Morte

O diagnóstico da intoxicação é feito com base na história de exposição a produtos contendo piretróides (aplicação de pipetas/coleiras ou ingestão/contacto com pesticidas).

No caso de a contaminação ser por contacto com a pele deve-se lavar o animal com água morna e sabão, nunca com água quente porque aumenta a absorção do produto pela pele. Se tiver havido ingestão do produto nunca deve ser dado leite ou alimentos gordurosos como o azeite porque aumentam a sua absorção pelo organismo. Em vez disso o animal deve ser levado ao veterinário para ser tratado de acordo com os sintomas presentes.

O prognóstico varia consoante a sensibilidade do animal ao produto mas na maioria das vezes o prognóstico é reservado.

Deve sempre:

- Ler cuidadosamente as embalagens dos produtos que aplica (champôs, pipetas, coleiras) para verificar se pode ser aplicado em gatos.

-Ter em atenção que existem coleiras e pós insecticidas para gatos contendo piretrinas como a permetrina, que apesar de serem mais económicos apresentam risco de intoxicação para o gato quer pelo contacto com a pele quer se o gato os lamber.

- Quando colocar pipetas no cão evitar que o gato vá lamber o produto do pêlo do cão.

Se o animal apresentar sintomas suspeitos de ter sofrido uma intoxicação por piretrinas deve levá-lo imediatamente ao veterinário para lhe possa ser feito o tratamento mais adequado.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pseudogestação

A pseudogestação é uma condição em que se verificam alterações hormonais nas cadelas que podem causar alterações psicológicas e físicas idênticas à de uma gravidez. Estas alterações ocorrem 6 a 14 semanas após o cio mesmo sem a cadela ter acasalado.

Estima-se que cerca de 50% das cadelas apresente esta condição pelo menos uma vez na vida mas a maior parte das que tem um episódio de pseudogestação tem tendência a repeti-lo nos cios seguintes.

Sabe-se que esta situação está relacionada com alterações hormonais a nível da prolactina e da progesterona mas os mecanismos exactos para a ocorrência desta situação ainda não são completamente compreendidos. Pensa-se que esteja relacionada com o comportamento selvagem dos cães em que todas fêmeas da matilha têm os cios sincronizados mas apenas a dominante pode acasalar. Este comportamento faz com que as restantes fêmeas também tenham leite e possam amamentar os cachorros da fêmea dominante enquanto ela sai em busca de alimentos para a matilha.

Sendo as causas para este problema hormonais, pode estar associado a tratamentos com medicamentos hormonais como a pílula contraceptiva.

Os sinais clínicos que os animais apresentam frequentemente são físicos e comportamentais:

- Fazer um ninho (escavando ou juntando roupas, jornais, etc)

- Adoptar brinquedos ou bebés de outras fêmeas tendo cuidados excessivos com eles

- Agressividade

- Inquietação

- Lamber a barriga e as mamas

- Aumento do volume mamário e abdominal

- Produção de leite

- Aumento de peso

- Diminuição do apetite

O diagnóstico do problema faz-se com base na história clínica e exame físico do animal. Em casos em que a cadela possa ter acasalado com um cão deve-se fazer uma ecografia para confirmar que de facto se trata de uma gravidez, piómetra ou de um parto recente.

Em casos menos graves a doença pode ser auto-limitante e os sintomas desaparecem por si após 3 semanas, sendo apenas necessário o uso de um colar para que a cadela não estimule a secreção de leite. Nos restantes casos pode ter de se recorrer a tratamento médico com administração de medicamentos que contrariam as hormonas em circulação.

As complicações mais comuns são as mamites e dermatites cutâneas porque o animal se lambe constantemente. Há ainda uma maior predisposição para o aparecimento de tumores mamários por causa da constante estimulação da glândula mamária por hormonas.

Aconselha-se a esterilização do animal para resolver completamente este problema, principalmente em cadelas que façam mais do que uma pseudogestação. Deve-se ter em atenção que se o animal for esterilizado durante um destes episódios a pseudogestação pode-se tornar permanente.

Caso o seu animal tenha este problema deve-se aconselhar com um médico veterinário sobre qual a solução mais adequada para o caso.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Castração de gatos machos

A castração dos gatos machos é feita através de uma cirurgia em que são removidos os testículos (orquiectomia). Os testículos produzem a hormona sexual masculina, a testosterona, responsável pelo comportamento sexual dos gatos adultos e ao removê-los paramos a produção desta hormona, tornando-os inférteis.

Este procedimento normalmente realiza-se a partir dos 6 meses de idade do gato e tem vantagens se for realizado antes do animal a atingir a maturidade sexual que ocorre por volta dos 9 meses.

Apesar de esta cirurgia implicar uma anestesia geral os riscos que acarreta são reduzidos. Na maioria dos casos o animal volta para casa no próprio dia da cirurgia tendo apenas que usar um colar e tomar medicação durante alguns dias.

A castração evita os comportamentos de marcação de território através da urina (nos móveis, sofás, paredes, etc) que provocam estragos na casa e muito mau cheiro e pode ajudar também a diminuir o comportamento de arranhar em casa. A castração evita a reprodução indesejada, diminuindo assim ninhadas de gatinhos sem dono ou abatidos ao nascer.

Embora não modifique a personalidade do animal, este torna-se menos agressivo, deixa de vocalizar na tentativa de atrair gatas e é mais fácil mantê-lo em casa. Assim tem menores hipóteses de ser atropelado, cair da janela ou ser agredido e mantém-se afastado das lutas pelo território reduzindo o risco de ser ferido por outros gatos e contrair doenças infecciosas incuráveis (leucemia felina – FeLV e imunodeficiência felina - FIV).

Estes factores contribuem para que esperança de vida de um gato castrado seja de cerca de 15 a 17 anos enquanto a de um gato não castrado que tenha acesso à rua é apenas de 3 a 5 anos.

Alguns gatos podem ter tendência para se tornar mais sedentários e aumentar de peso. Nesses casos é recomendável tentar que o animal faça mais exercício brincando com ele alguns minutos por dia, controlar a dose diária de comida e dar-lhe uma dieta específica para gatos castrados que é menos rica em calorias.

A castração pode também predispor à ocorrência de cálculos urinários porque estes gatos urinam menos vezes por dia. Este problema pode ser prevenido estimulando o animal a beber mais água (com uma fonte com água corrente por ex.) e dar-lhe uma ração de boa qualidade apropriada para gatos esterilizados.


Para esclarecer dúvidas sobre este procedimento deve contactar o médico veterinário.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Colapso da traqueia

A traqueia é uma estrutura tubular que se encontra no pescoço e leva o ar até aos pulmões. É composta por vários anéis de cartilagem ligados entre si por tecido muscular. O colapso da traqueia é uma doença causada pela flacidez do músculo que suporta os anéis da traqueia fazendo com os anéis se achatem e a traqueia se torne mais estreita. Este estreitamento na passagem do ar provoca:

- Ruído respiratório

- Tosse persistente que piora com o exercício ou o uso de coleira

- Dificuldade respiratória (dispneia)

- Cansaço (principalmente após exercício)

- Cianose (língua arroxeada)

- Secreção nasal serosa ou sanguinolenta

- Ruptura da traqueia

Os animais mais afectados são de raças pequenas (menores que 10 kg de peso) e com idades superiores a 6 anos podendo ocorrer ocasionalmente em cães de raças maiores.

Para fazer o diagnóstico desta doença, além do exame físico do animal devem ser realizadas radiografias podendo também fazer-se fluoroscopia, ecografia ou traqueobroncoscopia. O tratamento médico consiste em administrar medicamentos que reduzam a inflamação da traqueia causada por esta obstrução e condroprotectores que ajudam a fortalecer a cartilagem impedindo que continue a achatar. Em casos mais graves e caso o colapso da traqueia ocorra na parte mais cranial pode ser feita uma cirurgia em que se colocam anéis que substituem os que estão colapsados.

O excesso de peso bem como o uso de coleira/estranguladora para o prender ou passear pioram os sinais clínicos. Em animais com esta doença é aconselhado o uso de um peitoral e deve ser evitado o exercício físico ou excitação intensos, principalmente em dias de calor.

Se o seu animal apresenta algum dos sinais clínicos que se seguem deve levá-lo ao veterinário para ser observado.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

SINDROME DO RESTO OVÁRICO

O cio nas cadelas e gatas é muitas vezes um incomodo para o dono, quer pelas suas manifestações, quer pela possibilidade de reprodução indesejada.

Os métodos contraceptivos médicos trazem muitas contra-indicações e a melhor escolha é a cirurgia: ovariohisterectomia, remoção cirúrgica de ovários e útero.

Esta cirurgia para além de impedir a reprodução, evita permanentemente os sinais de cio incómodos. Nas gatas: vocalização, alterações comportamentais e tentativas de fuga para acasalar. Nas cadelas: corrimento sanguinolento, micções mais frequentes e perseguição por machos.

Tem ainda as vantagens adicionais de eliminar o risco de piometra, pseudogestação e hiperplasia mamaria felina. E se realizada antes do 1º ou 2º cio, reduz muito o risco de mais tarde virem a ter tumores mamários.

Contudo esta intervenção pode ter efeitos colaterais como: incontinência urinária, obesidade, vulva infantil, alopecia, mudança da cor e da textura dos pêlos e o Síndrome do Resto Ovárico.

O Síndrome do Resto Ovárico ou Síndrome do ovário remanescente é uma complicação pouco frequente na rotina das ovariohisterectomias das cadelas e gatas quando comparado com os casos descritos em humanos.

O SINDROME DO RESTO OVÁRICO refere-se a presença de tecido ovárico funcional após ovariohisterectomia em cadelas e gatas. Os animais apresentam de novo sinais de cio.

As causas podem ser várias:

- técnica cirúrgica inadequada com resecção incompleta de um ou ambos ovários.

- queda de uma pequena porção do tecido do ovário dentro da cavidade. peritonial aquando da retirada adequada dos ovários. Este tecido pode unir-se ao mesentério e revascularizar-se voltando a ser funcional.

- tecido residual ovárico em uma localização diferente da região normal e este pode ser funcional em qualquer momento.

Embora estes cios sejam inférteis, esta complicação pós cirúrgica imprevista traz incómodos.

Deverá primeiro confirmar-se o diagnóstico e descartar diagnósticos diferenciais. Eliminando a possibilidade de outras patologias que provoquem sangramento vaginal em cadelas e gatas castradas e isso inclui neoplasias, vaginites, piometra do coto uterino, traumatismos, terapias exógenas de estrogênio e coagulopatías. Outras condições também podem provocar o processo como: ovário supranumerário, ovário acessório, hiperactividade da glândula adrenal e tumor secretor de estrogênio.

O tratamento recomendado é o tratamento cirúrgico. A cirurgia deve ser realizada quando a cadela ou gata esteja em cio, já que reforça as possibilidades de visualizar este tecido.

O tratamento clínico é a administração de medicação hormonal. Não é recomendável, mas por vezes é necessário quando os proprietários recusam a cirurgia exploratória ou quando não foi possível localizar o tecido durante a segunda intervenção cirúrgica.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

Vai um mergulho?

O calor chegou! Sabia bem um mergulhinho!
Mas atenção cuidado com os golpes de calor...