quarta-feira, 24 de julho de 2013

A raiva e as lendas



Devido à vacinação anti-rábica dos cães, obrigatória no nosso país e em muitos outros, a Raiva é, hoje em dia, uma doença pouco comum.


Contudo nem sempre foi assim, a raiva foi em tempos uma doença frequente. Desde a Antiguidade, a raiva era temida pelo quadro clínico e sua evolução. Acreditavam que era causada por motivos sobrenaturais, pois cães e lobos pareciam estar possuídos por entidades malignas. Assim várias lendas e personagens, que surgiram em tempos remotos e que perduram até aos dias de hoje, poderão ter como origem a raiva. 


Lobisomem

Na Idade Média era comum as pessoas serem mordidas por lobos que lhes transmitiam raiva. Com a evolução da doença as pessoas mostravam sinais de agressividade e intolerância à luz o que fez com que se criasse a lenda de que essas pessoas se tornavam metade homem, metade lobo e só saiam durante a noite.


Vampiros

Os morcegos são também susceptíveis de contrair e transmitir raiva. A lenda dos vampiros é muito antiga tendo evoluído ao longo do tempo mas mostra ligações com os sintomas da raiva nomeadamente:

- Fotossensibilidade: é um dos sintomas que se observam em casos de raiva, o qual justifica que quando os padres eram chamados para tentar curar os doentes reagissem ao reflexo da luz nos crucifixos, tal como os vampiros. Segundo a lenda, os vampiros também só saem durante a noite pois não toleram a luz.

- Agressividade: em certa fase da doença as pessoas tentam morder e podem espumar sangue pela boca. A mordedura é a forma de transmissão da doença por isso ficou associado ao mito dos vampiros que ao morder outras pessoas as transformavam em vampiros.

- Reação de euforia quando vê água: as pessoas com raiva sofrem de paralisia e não conseguem beber água mas reagem quando a vêem, confundida por vezes com aversão à água (hidrofobia). Assim criou-se a ideia dos vampiros reagirem mal à presença de água benta.

Zumbi / Mortos-vivos

O vírus da raiva parece ter algumas semelhanças com os vírus retratados nos filmes de zumbi, onde uma epidemia viral incontrolável devasta a humanidade, transformando as pessoas em monstros sem consciência e com tendências canibais. A raiva afecta o sistema nervoso central e pode fazer com que os doentes tenham comportamentos violentos.

 Para manter afastados os lobisomens, vampiros e zumbis vacine o seu animal. Mais fácil que água benta …

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Primeiro caso de raiva em Espanha desde 1975

No dia 1 de Junho de 2013 um cão causou tumultos em Toledo, Espanha tendo mordido 5 pessoas, inclusive um bebé de 2 anos que passou vários dias internado no hospital devido a ferimentos na face. O cão foi depois capturado pela polícia e abatido.

Este foi o 1º caso de raiva em Espanha desde 1975 e fez com que as autoridades declarassem alerta de nível 1 na zona durante 6 meses e obrigassem à vacinação de todos os cães, gatos e furões num raio de 20 km. 

O animal tinha vindo de Marrocos no dia 12 de Abril depois de ter lá passado 4 meses com os donos.

A legislação da União Europeia obriga a que os animais que saiam da Europa sejam vacinados contra a raiva e submetidos a uma análise sanguínea sorológica 30 dias após a vacinação para garantir a presença de anticorpos contra a raiva no sangue. Esta análise deve ser feita 3 meses antes de o animal viajar para o estrangeiro. Apesar de estes procedimentos não terem sido cumpridos neste caso o cão voltou a entrar em Espanha. O seu dono foi multado por negligência devido ao facto do cão ter atacado várias pessoas.

Segundo o Ministério da Agricultura, Alimentação e Ambiente, o casal tentou em várias ocasiões entrar no país sem os documentos necessários.

No dia 5 de Abril os proprietários tentaram entrar de ferry através de Algeciras com 3 cães mas foi-lhes recusada a entrada uma vez que os passaportes não preenchiam todos os requisitos necessários. Passada uma semna conseguiram entrar em Algeciras através de um barco vindo de Ceuta. Desta vez o relatório do ministério refere que “a secção 5 não foi verificada”, ou seja, a parte da documentação que certifica que o teste serológico foi realizado.

O Ministério da Saúde disse que as hipóteses de um surto de raiva são mínimas e que é quase impossível um ser humano contactar com o vírus da raiva hoje em dia. Apesar disso o plano de contingência foi posto em prática num raio de 20 km em volta de Toledo e nas áreas da Catalunha em que se sabe que o animal passou desde que o Centro Nacional de Microbiologia confirmou a existência da estirpe norte africana no dia 5 de Junho.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Raiva

A raiva é uma doença mortal causada por um vírus que ataca o sistema nervoso central de animais selvagens, do cão, do gato e do Homem. Apesar de a doença não ser comum, permanece prevalente em populações de animais selvagens, principalmente, morcegos e raposas, que podem contactar com os animais de estimação. Estando estes, em risco de contrair a doença e potencialmente, transmiti-la ao Homem.

O vírus tem um período de incubação que varia de dias a meses e é geralmente transmitido pelo contacto com a saliva de um animal infectado. Este migra do local da lesão (mordedura, arranhão) até ao cérebro e por último, para as suas glândulas salivares. Assim que o vírus se encontra nas glândulas salivares, o indivíduo pode transmitir a doença a outros animais ou Humanos através da sua saliva. 

Os sinais clínicos podem ser vagos e difíceis de identificar. Estes podem progredir através de diversas fases, mas nem todos os doentes evidenciam todos os sinais:

e9dfcecb6537a3ae5ad48ad0444857df_L1.Sinais precoces: apreensão, agitação, vómito,hipersensibilidade ao toque e salivação excessiva;
2.Sinais tardios: nervosismo, agressividade para outros animais, pessoas ou objectos inanimados e alterações da vocalização;
3.Por último: fraqueza muscular, paralisia, coma e morte.
Também podem manifestar convulsões. Uma vez que os sinais aparecem a morte ocorre geralmente em 10 dias.

O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos e no exame laboratorial post-mortem do tecido cerebral do animal infectado.

Não há tratamento efectivo para a doença e como é uma zoonose (transmite-se dos animais para as pessoas) com implicações graves para a saúde do Homem, a vacinação de todos os cães é exigida por lei em Portugal, sendo que todos os gatos podem também ser vacinados. Este é o meio mais eficaz para prevenir a doença nos animais e desta forma, salvaguardar a saúde humana. O cão pode iniciar a vacinação antirrábica aos 3 meses de idade, juntamente com a colocação da identificação electrónica (microchip), também obrigatória, que permitirá registá-lo numa base de dados nacional. Passando a revacinação a ser anual. No caso dos gatos a vacinação não é obrigatória mas podem também ser vacinados a partir dos 3 meses.

Outras medidas preventivas incluem:

1.    Manter o animal de estimação longe da população selvagem e dos animais errantes;
2.    Assegurar que todos os animais que contactem com o animal estão vacinados.

Por lei, qualquer animal que morde o Homem e tem um estado vacinal desconhecido ou desactualizado, pode ser sujeito a um período de quarentena ou mesmo eutanásia. Por isso, proteja-se a si e ao seu animal: mais vale vacinar!