sábado, 28 de agosto de 2010

Intoxicação por rodenticidas anticoagulantes - VENENO PARA RATOS

O uso de raticidas ou rodenticidas é muito comum no dia-a-dia para eliminar ratos e outros roedores indesejados. Por isso são uma forma habitual de envenenamento em cães e gatos quer por ingestão directa do produto ou por caçarem roedores envenenados.

Os cumarínicos (warfarina, brodifacoun, difenacoun, bromadiolona, entre outros) são as substâncias mais usadas para matar ratos e outros roedores. Todos eles actuam como antagonistas da vitamina K impedindo a formação de factores de coagulação do sangue no fígado e provocando hemorragias graves por todo o organismo. Isto causa uma morte lenta e assim os ratos não associam a ingestão do produto à morte, tornando-se mais eficaz do que outros raticidas que causam morte imediata. Normalmente são vendidos na forma de pós sem cheiro nem sabor ou como iscos com cores e cheiros apelativos para os animas.

Devido à sua acção lenta é necessária a ingestão de grandes quantidades ou de doses repetidas do produto para causar a morte de qualquer animal. Algumas doenças e medicamentos que provoquem deficiência nos factores de coagulação podem fazer com que os animais fiquem envenenados com menos quantidade de rodenticidas.

Os sintomas apresentados são:

- Fraqueza

- Depressão

- Mucosas pálidas

- Vómito com ou sem sangue

- Diarreia com sangue

- Hemorragias na pele e mucosas (petéquias)

- Sangramento pelo nariz

- Anemia

-Taquicardia

- Dificuldade respiratória devido a hemorragia pulmonar

- Choque

- Morte devido a hemorragia cerebral ou generalizada

O diagnóstico é feito com base na história de uso de raticidas cumarínicos na zona frequentada pelo animal, através de análises sanguíneas e também de radiografia e/ou ecografia.

O tratamento é feito tentando que o animal elimine o produto ingerido através de lavagens gástricas e carvão activado, administração de fluidos (soro) e pela administração do antídoto, a vitamina K1 por períodos mais ou menos prolongados. Em casos mais graves pode ser necessária uma transfusão de sangue.

Para prevenir este tipo de intoxicações deve evitar-se o uso destes raticidas em zonas frequentadas por animais e não deixar as embalagens ao seu alcance. No caso dos gatos deve evitar-se que apanhem ratos uma vez que além de transmitirem doenças podem estar envenenados.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

VIAJAR COM O SEU CÃO – DE AUTOMÓVEL

O cão deverá ser habituado a viajar de carro desde pequeno. Comece com pequenas viagens. O destino não deverá ser sempre excitante porque às vezes esta situação leva a que o animal associe a viagem ao local excitante tornando-se difícil mantê-lo calmo no carro. Os primeiros passeios de carro deverão ter um acompanhante junto ao animal. Quando ele se mantiver calmo e sossegado deverá ser felicitado e recompensado. Um animal acostumado a viajar tornará as viagens necessárias muito mais tranquilas.

Prepare a viagem antecipadamente, protegendo o local onde irá o cão. Prepare uma taça para lhe dar água.

Por vezes o cão pode ficar nauseado e vomitar por isso alimente o cão aproximadamente 8 horas antes de partir, com uma refeição mais ligeira do que o habitual. Se mesmo assim o cão tolerar mal as viagens de carro, pode administrar-lhe um medicamento anti-enjoo ou, até mesmo um sedativo. Estes medicamentos devem ser aconselhados pelo seu Médico Veterinário.

Nunca se esqueça da segurança (sua e do seu animal). O cão não deverá viajar à solta no carro. Deve colocar-lhe um cinto de segurança para cães ou transporta-lo dentro de uma transportadora de tamanho apropriado ao animal.

Não transporte o seu cão dentro do porta-bagagens fechado porque sendo um ambiente fechado pode levar à morte do seu animal por golpe de calor. Coloque na coleira uma chapa de identificação, com o nome e número de telefone na eventualidade de que o cão se perca, em caso de acidente ou de fuga numa das paragens.

Deverá proceder a pequenas paragens a cada 2 horas de viagem, para o cão beber água e fazer as suas necessidades.

Não deixe o seu cão viajar com a cabeça de fora da janela porque a circulação de ar pode provocar-lhe lesões oculares.

Não se esqueça de levar a documentação do seu animal e de prevenir antecipadamente contra as doenças endémicas da região para onde se desloca.

E boa viagem!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Coriza em gatos

A coriza é uma doença do aparelho respiratório dos gatos que afecta principalmente gatos não vacinados, bebés, idosos e gatos com o sistema imunitário debilitado como os portadores de leucemia felina (FeLV) e imunodeficiência felina (FIV).

É causada por um ou vários vírus (Herpesvírus e Calicivírus) e bactérias (Chlamydia psittaci) e em alguns casos existem outras bactérias oportunistas como a Bordetella bronchiseptica que podem piorar os sinais clínicos.

A doença mantêm-se activa principalmente em gatis, gatos de rua ou casas onde haja muitos gatos uma vez que os vírus se mantêm no ambiente durante uma semana. A doença é transmitida por contacto directo através de secreções oculares, nasais e saliva (espirros, limpeza) ou por contacto indirecto através de partilha de comedouros e bebedouros, jaulas infectadas e roupa infectada.


A doença demora entre 3 dias a 2 semanas a incubar e os sintomas mais comuns são:

- Febre

- Diminuição do apetite

- Espirros/tosse

- Corrimento ocular e/ou nasal

- Úlceras na boca

- Úlceras da córnea e/ou queratite

- Apatia

- Pneumonia

Se o gato não for tratado a tempo, principalmente se o herpesvírus estiver envolvido, há risco de morte e mesmo que ainda recupere pode ficar cego ou com outras sequelas.

O diagnóstico da doença faz-se através do exame clínico e da história de possível exposição aos vírus. Em casos mais graves pode ser necessário fazer também raio x para avaliar o aparelho respiratório.

O tratamento é feito com medicação oral e local dependendo dos sintomas e na maioria dos casos não é necessária mais do que uma semana de medicação. Deve-se sempre tentar manter o nariz desobstruído e os olhos limpos de secreções para que se sintam mais confortáveis e consigam alimentar-se. Se o gato estiver muito debilitado pode ser necessária fluidoterapia (soro) e alimentação forçada através de uma sonda.


Durante o tratamento os animais devem ficar num local arejado mas sem correntes de ar e ser isolados de outros gatos, não partilhando comedouros/bebedouros e tabuleiros de areia. Uma pessoa que esteja a cuidar gatos doentes e tenha contacto com gatos saudáveis deve mudar de roupa e calçado após contactar com os gatos doentes. No final do tratamento toda a zona onde esteve o animal doente deve ser desinfectada.

Os gatos que recuperam desta doença tornam-se portadores podendo voltar a manifestar sintomas e eliminando o herpesvírus para toda a vida e o calicivírus durante algumas semanas através das lágrimas, secreções nasais e saliva.

Para prevenir a doença deve-se vacinar os animais contra estes vírus e manter as ninhadas isoladas até à idade da 1ª vacina. A vacinação contra a coriza pode ser feita a partir dos 2 meses de idade necessitando de um reforço passado um mês. A partir daí os animais devem ser vacinados anualmente para continuarem protegidos contra a doença.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Displasia da anca

A displasia da anca é uma doença que afecta a articulação coxo-femural (articulação da anca) e é devida a má conformação na articulação da bacia, na cabeça do fémur e/ou alterações dos tendões e ligamentos dessa articulação. Esta doença ortopédica é das doenças hereditárias mais comuns nos cães e pode surgir em qualquer raça embora seja mais comum em raças grandes e de crescimento rápido como os Labradores, Pastores alemães, Serras da Estrela, Rafeiros alentejanos e Rottweilers por exemplo. Em 90% dos casos é bilateral afectando as duas articulações.

É uma doença do desenvolvimento pois o animal nasce normal e a articulação coxo-femural sofre depois alterações que levam à sua deformação e desgaste. Isto acontece porque os músculos, tendões e a cápsula articular crescem mais lentamente do que o osso e não têm resistência suficiente para manter os ossos da articulação no lugar correcto. Muitas vezes ocorre mesmo subluxação da anca (o fémur fica mal encaixado na cavidade da bacia) e a longo prazo há desgaste do osso e formação de artroses.

Sendo a displasia da anca uma doença geneticamente recessiva, tanto o pai como a mãe do cachorro podem não ter e mesmo assim os filhotes vir a desenvolvê-la. Da mesma forma um cão saudável cujo pai ou mãe tenham a doença pode transmiti-la à descendência. O risco de transmissão é sempre maior se um dos progenitores tiver algum grau de displasia.

Além dos factores genéticos existem outros que podem aumentar a predisposição para esta doença como:

- Factores ambientais (piso escorregadio),

- Alimentação pouco equilibrada ou em excesso,

- Excessiva suplementação de cálcio e vitaminas

- Excesso de exercício.

Todos os animais de raças predispostas devem ser testados para avaliação do grau da doença, principalmente se forem usados em reprodução. A avaliação do grau de displasia é feito através de uma radiografia tirada com o animal sob sedação para que esteja relaxado e possa ser correctamente posicionado permitindo avaliar todos os ângulos da articulação. A classificação da displasia faz-se por categorias entre o A (sem displasia) e o E (displasia severa) e apenas devem ser cruzados animais livres de displasia e idealmente sem história da doença na família.

A idade ideal para o cão ser avaliado é aos 12 meses nas raças médias e aos 18 meses nas raças grandes e gigantes pois só com estas idades termina o seu desenvolvimento ósseo. Os métodos mais precoces de detecção permitem fazer esta avaliação a partir dos 4 meses de idade embora nesta fase os resultados não sejam tão fiáveis.


Um animal com displasia da anca pode ter sinais clínicos ou não. Entre os sinais mais comuns estão:

- Dificuldade em sentar ou levantar

- Alterações na marcha

- Dor à manipulação da articulação principalmente extensão

- Coxear após uma corrida

- Dificuldade em saltar ou subir escadas

- O animal evita a actividade física.

O tratamento pode ser médico ou cirúrgico dependendo do grau de displasia e da idade do animal. O tratamento médico é apenas conservador baseando-se em medicação para diminuir as dores, actividade física moderada, controlo do peso e descanso que fazem com que a doença progrida mais lentamente. O tratamento cirúrgico corrige definitivamente as alterações articulares.

Se tem um animal de raça predisposta a esta patologia deve:

- Controlar a quantidade da ração ingerida para evitar o excesso de peso

- Dar-lhe uma ração de boa qualidade que contém as quantidades de vitaminas e minerais necessários ao seu correcto crescimento

- Evitar suplementos nutricionais de vitaminas e cálcio a não ser os que forem aconselhados pelo médico veterinário

- Fazer exercício moderado, principalmente durante o período de crescimento evitando esforços.

Caso veja algum sinal clínico da doença deve consultar o médico veterinário para se aconselhar qual o tratamento mais adequado no caso do seu animal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PERDIDAS OU ABANDONADAS?

O nosso placard de anúncios de animais perdidos e encontrados à procura do seu dono está cheio. Alguns são abandonados criminosamente porque os seus donos não se preocupam em arranjar um local onde os deixar nas férias. Outros fogem porque quem trata deles se descuidou um momento. Outros são roubados.

Só podemos ajudar alguns a encontrar os seus donos ou novos donos que não os abandonem nas férias, divulgando-os...

No dia 01/08/2010 perto da rotunda das finanças na Guarda foi encontrada uma cadelinha com 10 kg e cerca de 3 anos, recentemente tosquiada.


Este fim de semana mais uma gatinha com 3/4 meses encontrada na Guarda que procura o dono ou novo dono.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CUIDADOS COM O SOL


O verão está em força e com ele o desejo de passar mais tempo ao ar livre. Tal como nas pessoas o acréscimo de exposição solar aumenta o risco de desenvolvimento de tumores cutâneos nos animais. Principalmente em animais albinos ou de coloração branca deve ter-se muito cuidado com a exposição solar. A localização onde habitualmente surgem os tumores cutâneos são a cabeça, principalmente no nariz e orelhas, nas zonas onde o pelo é mais curto e ralo. Se a exposição solar não se puder evitar, está recomendada a aplicação de protector solar de preferência ecrã total. Outra medida é evitar a exposição solar das 12 às 16 horas dado que neste espaço de tempo o sol incide verticalmente à camada de ozono e os UVA e UVB atravessam-na mais facilmente.
O proprietário deve ficar atento a manchas, nódulos e feridas na pele do animal. E consultar o médico veterinário caso surjam lesões cutâneas no seu cão ou gato.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que deve saber do seu Médico Veterinário


"- O Médico Veterinário dorme. Pode parecer-lhe mentira, mas o Médico Veterinário necessita dormir como qualquer pessoa. Telefone-lhe para o telemóvel durante a noite só em caso de real urgência.

- O Médico Veterinário come, tem família, vida pessoal e precisa descansar ao fim de semana. O domingo às 20 horas não é definitivamente o horário adequado para atender um quadro que começou na 4ªfeira anterior.

- Se o horário da manha termina às 12 horas não apareça para a consulta às 11h57m.

- O Médico Veterinário precisa de um ordenado. Atender animais é a sua profissão e a sua fonte de rendimento. Pensava que era um passatempo que lhe dava prazer? Está enganado. Por isso não vá à consulta se pensa não lhe pagar.

- O Médico Veterinário não recebe do sistema nacional de saúde. Não é obrigado a ter todos os meios de diagnóstico, todas as especialidades, pessoal para todas as funções, nem a trabalhar 24 horas por dia. Nenhuns dos seus impostos servem para pagar isso.

- Se o seu animal morreu, continua a existir uma conta para pagar. O seu Médico Veterinário despendeu tempo e meios com ele.

- O Médico Veterinário não consulta o Tarot e não tem uma bola de cristal. Se é isso que pretende consulte um vidente.

- O Médico Veterinário não tem uma câmara de vigilância em casa dos seus clientes. Não espere que ele adivinhe que o seu cão piorou e o vá buscar a casa.

- O Médico Veterinário precisa de ter as condições necessárias para fazer o seu trabalho. Quando ele lhe diz que é preferível trazer o seu animal ao consultório em vez de ir vê-lo no domicílio seguramente tem boas razões para o dizer.

- O Médico Veterinário não ressuscita animais, não cura doenças incuráveis e não faz milagres. Procure um santo milagreiro ou Deus em pessoa.

- O Médico Veterinário não é um domador de leões, não hipnotiza feras e também pode ser mordido.

- E o mais incrível: o Médico Veterinário é uma pessoa! Seja educado e trate-o com consideração."


Adaptado do texto do grupo "cosas que se deven saber de un Médico Veterinario" do Facebook