quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ácido úrico nos Dálmatas

Ao longo dos anos os seres humanos foram fazendo cruzamentos de cães de forma a apurar certas raças o que além melhorar certas características consideradas ideais, por vezes também leva ao aumento da incidência de doenças genéticas. No caso da raça Dálmata uma das doenças genéticas mais comuns é a urolitíase congénita cujo gene se pensa estar associado ao da pelagem branca com manchas pretas características. A urolitíase (cálculos no rim ou bexiga) é devida a uma grande acumulação de ácido úrico, um componente resultante da destruição das purinas (proteínas existentes no ADN de todas as células) que é pouco solúvel em água e por isso se torna difícil de eliminar do organismo. Na maior parte dos animais o ácido úrico é transformado em alantoína através de uma enzima existente no fígado (uricase) e é facilmente eliminada pela urina não causando problemas para a saúde. No caso dos dálmatas, das aves e de alguns seres humanos há uma deficiência na uricase que faz com que o ácido úrico não seja transformado e se acumule. Nos dálmatas o ácido úrico em excesso vai-se depositar na forma de urato nos rins ou bexiga formando cálculos que podem impedir o fluxo normal da urina. A gota (deposição de ácido úrico nas articulações) não acontece nos cães, apenas nos humanos e aves.

Os sinais clínicos indicadores da existência de cálculos são:

- Sangue na urina

- Dificuldade em urinar

- Urinar pouca quantidade e com maior frequência que o normal

- Pedras ou areias na urina
- Anúria (os animais tentam urinar mas não conseguem)

A obstrução urinária é mais frequente em machos do que em fêmeas devido aos machos terem uma uretra mais longa que predispõe à acumulação de cálculos.

Para se diagnosticar este problema, além dos sinais clínicos é necessário realizar análises sanguíneas e à urina. Como na análise de urina dos Dálmatas é normal encontrar-se cristais microscópicos de ácido úrico sem que existam cálculos nos rins ou bexiga, é aconselhável recorrer também a radiografias (simples e de contraste) e/ou ecografia para confirmar o diagnóstico.
O tratamento da doença passa por tratar a infecção associada e retirar os cálculos ou através de uma cirurgia nos casos mais graves ou através da sua diluição com medicamentos e alimentação específica (pode demorar meses).


Para prevenir a formação de cálculos o dono deve:

- Alimentar o cão com uma dieta com pouco sal e pouca quantidade de purinas. Não dar fígado, coração e rim que são alimentos ricos em purinas.
- Incentivar o animal a beber para que a urina seja pouco concentrada.

- Permitir ao animal urinar com bastante frequência.

- Não dar ao animal suplementos com vitamina C que acidificam a urina e predispõem à formação destes cálculos.

Se tiver um cão de raça Dálmata deve apostar na prevenção desta doenças e caso note algum sintoma levá-lo ao veterinário.

Um comentário:

  1. Muito legal o texto de vocês. Parabéns, gostaríamos poder publica-lo na nossa página fazendo uma referência para este blog. Grata Nathália.

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