sexta-feira, 12 de março de 2010

Torção gástrica

A torção gástrica ou do estômago é uma doença grave cujo tratamento é uma urgência. Acontece quando o estômago dilata e roda sobre o seu próprio eixo obstruindo a saída do conteúdo quer para o intestino quer para o esófago, ficando os alimentos a fermentar. Isto provoca acumulação de grande quantidade de gás, dilatação do estômago e promove a entrada de toxinas em circulação. A dilatação comprime também o tórax comprometendo a respiração. Com o estômago torcem vasos sanguíneos que irrigam grande parte do abdómen diminuindo a circulação em todos os órgãos e podendo haver torção do baço. Pode haver necrose (morte de tecidos) e ruptura das paredes do estômago. A torção do estômago é uma doença aguda que ocorre normalmente 2 a 3 horas após a refeição e cujo tratamento é uma emergência pois o animal morre em 6 a 12 horas se não for tratado.

Os sintomas são:
- Inquietação
- Dor abdominal intensa
- Dilatação abdominal
- Salivação
- Tentativas de vómito apesar de não conseguir vomitar
- Dificuldade respiratória
- Mucosas pálidas
- Perda de consciência
Surge com maior frequência em cães de raças grandes e gigantes e/ou com peito profundo em que o estômago tem mais espaço livre para torcer como o São Bernardo, Serra da Estrela, Pastor Alemão, Dogue Alemão e Rafeiro Alentejano. A idade também pode ser um factor de risco acrescido. Existe propensão genética de alguns animais para terem os ligamentos do estômago mais soltos predispondo a esta doença.
Em cães de porte menor como os Basset Hound, Teckel e Caniche é mais comum acontecerem dilatações gástricas sem torção.

Os factores de risco para a ocorrência de dilatação e torção do estômago
são:
- Ingestão de grande quantidade de alimentos numa só refeição
- Beber muita água juntamente com a refeição
- Comer uma refeição rica em alimentos fermentáveis
- Ingerir ar ao comer muito rapidamente
- Alterações no esvaziamento do estômago
- Exercício físico após a refeição

Para prevenir a torção é necessário ter alguns cuidados relativamente à alimentação, principalmente nos animais de risco. Evitando assim os factores que podem estar na origem desta doença. É importante dividir a comida do animal em pelo menos duas refeições diárias e não permitir que o animal beba grandes quantidades de água juntamente com a refeição. Lembre-se de não deixar o saco de ração (ou outra fonte de alimentação) em local acessível ao cão. Outro erro comum é passear os animais depois das refeições e permitir-lhes que corram, o exercício físico intenso após as refeições pode provocar esta situação.
O tratamento passa por hidratação do paciente com soro e entubação com uma sonda para retirar o gás e descomprimir o estômago. Uma vez que o animal esteja estável deve ser submetido a cirurgia para se avaliar e tratar os danos causados no estômago e fixá-lo de forma a que não torça novamente. Mesmo em animais sujeitos a intervenção cirúrgica a taxa de mortalidade é de cerca de 15 a 20% mas caso esta não seja realizada há cerca de 80% de hipóteses de voltar a acontecer uma torção.
Se suspeitar que o seu animal possa estar com uma torção gástrica leve-o imediatamente ao veterinário para que seja feito o diagnóstico e iniciado o tratamento.

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