A esperança de vida dos animais é bastante mais curta que a dos seres humanos. É quase uma certeza que vamos ter de enfrentar a morte do nosso animal. Desde que ele entra nas nossas vidas, vamos evitando pensar nesse medo, até que um dia o temido acontece. E o nosso companheiro de brincadeiras, que nos fez sorrir naqueles momentos em que mais nada correu bem, deixa de estar entre nós.
Não-aceitação e choque
A negação pode ocorrer quando animal está gravemente doente. O dono tem dificuldade em aceitar que a situação é irreversível e agarra-se a esperanças infundadas. Quando o animal morre entra em choque e não consegue perceber que o animal já não está vivo.
Culpa
A culpa é um sentimento frequente nos casos de morte. Surge a dúvida se alguma das decisões que se tomaram ou não, precipitaram ou poderiam evitar o sucedido: “Se tivesse passado mais tempo com ele”, “se o tivesse levado ao veterinário mais cedo”, “se tivesse consultado mais opiniões profissionais”, “se não o tivesse deixado sem trela”, “se não tivesse decidido operar”. A culpa que o dono sente em relação à morte do seu animal é exacerbada porque o animal está dependente inteiramente do dono e é ele que toma as decisões determinantes na vida do animal. Assim o dono sente que é o responsável pela morte do animal.
Nas situações em que a eutanásia foi colocada como opção, o dono pode sentir-se culpado, quer por ter terminado o sofrimento do animal, quer por ter insistido no tratamento.
Raiva
Sentir raiva ou ficar zangado é uma fase normal do luto. A raiva pode ser dirigida para diversas direcções. O dono pode sentir raiva do animal porque o abandonou, do resto da família, do vizinho porque nunca gostou do seu animal, do veterinário, da sociedade em geral ou até de Deus. A raiva é completamente irracional implicando que na maioria das vezes seja injusta.
Tristeza
Nesta fase o dono sente-se triste por ter perdido o seu amigo. Pode ajudar falar com outras pessoas que passaram pelo mesmo.
Se esta fase se prolongar ou se aprofundar em demasia pode conduzir a uma depressão que requer acompanhamento médico.
Oh! Era só um animal…
As pessoas que não têm animais, podem não entender o sofrimento que a morte do ente querido de 4 patas pode trazer. Por vezes ouvem-se observações: “oh, era só um animal”.
Os donos têm o direito de sofrer com a morte do seu animal. A opinião do vizinho ou de colega de trabalho não deve interferir no seu direito de sofrer pela perda. Se tem vontade chore. Procure o apoio de pessoas que o compreendam ou que já tenham passado por situações similares. Você tem todo o direito de sofrer por aquele “só um animal” que o recebeu sempre contente, que nunca o criticou, que lhe lambeu as mãos depois de um dia difícil.
Aceitação
A recuperação passa pela aceitação da morte. Aconteceu e não temos o poder de alterar o sucedido. Implica encarar a vida tal como ela é, e seguir em frente.
Seguir em frente não implica esquecer o seu animal. Não necessita eliminar as fotografias do animal, mas também não deve manter indefinidamente o cantinho dele como se ele fosse voltar. Arrumar as “ideias” ajuda a ultrapassar esta fase. Separe as coisas dele que lhe vão dar prazer em rever e recordar. Arrume ou dê tudo o resto que não necessite.
Pode doar algum dinheiro a instituições de apoio a animais abandonados, apadrinhar um animal ou qualquer outra coisa que faça sentido para si. Fazer algo de positivo faz com que as pessoas se sintam melhor com elas próprias.
O tempo é o melhor remédio e cura tudo. A dor vai diminuindo e progressivamente vai recordar os bons momentos e não a morte.
Estas fases podem não se suceder e o dono pode saltar entre as várias fases. Podendo ainda não experimentar todas estas etapas, passar muito tempo numa fase e pouquíssimo noutra. A forma como se lida com a morte de um ente querido difere de indivíduo para indivíduo.
A recuperação terá de partir da própria pessoa e não de pressões externas. Não deixando de ser importante o apoio de amigos e familiares.
Novo animal
Os animais são insubstituíveis e o animal que arranjar nunca será igual ao anterior. Mas quando chegar à fase de recuperação pode pensar em ter um novo animal. Se gosta de animais não deve privar-se dos bons momentos que poderão passar juntos só para evitar o sofrimento que a perda lhe trouxe. A vida sem momentos bons e sem momentos menos bons não é uma vida plena. Mas não se precipite. Toda a família deve querer um novo membro e estar disponível para as tarefas que um cachorro/gatinho ainda não educado implicam.